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Bloco reúne com a Cooperativa Agrícola de Barcelos

Manuel Carlos Silva, candidato à Câmara Municipal de Barcelos pelo Bloco de Esquerda, acompanhado por outros membros da concelhia do BE-Barcelos, teve um encontro no dia 22 de Julho com o Presidente da Cooperativa Agrícola de Barcelos Eng. Carlos Miranda e demais membros da Cooperativa no sentido de auscultar os principais problemas com que se confronta a Cooperativa. O Presidente começou por fazer uma breve resenha histórica da Cooperativa nascida em 1932 por iniciativa de agricultores de Aldreu, a qual viria a fundir-se com mais duas cooperativas, ganhando maior força na articulação com AGROS na relevante bacia leiteira (Barcelos, Póvoa, Vila do Conde e concelhos limitrofes) particularmente no pós 25 de Abril de 1974 e sobretudo nos anos 80-90 por altura da entrada de fundos comunitários.

Os dirigentes da Cooperativa, além de rejeitarem as correntes acusações de serem os agricultores os principais poluidores pela agropecuária, chamaram a atenção para alguns problemas atuais não só a nível nacional, particularmente os problemas derivados da PAC e, em particular, da nova e projetada PAC que nivela por baixo os apoios presentes e futuros em relação à grande propriedade alentejana, os impostos excessivos nomeadamente o IMI e a não proteção dos agricultores como jardineiros da defesa do meio ambiente e, por fim, uma relação desigual com as grandes superfícies que impõem condições draconianas no estabelecimento dos preços do leite, comparavelmente bastantes inferiores aos praticados noutros países como a Espanha ou França, e o não apoio a projetos para jovens agricultores. Por fim, a nível local, para além da crítica ao IMI como um imposto local cego, foi constatada a inércia do executivo camarário nos últimos anos no sentido da não legalização de instalações pecuárias, pondo em risco a sustentabilidade das explorações agrícolas e da própria Cooperativa.

Por sua vez, Manuel Carlos Silva, tendo registado com a devida atenção alguns dos problemas expostos, considerou que as fontes principais de poluição não são as práticas agrícolas dos agricultores vistos como amiúde como bodes expiatórios do problema, mas os problemas advindos da alterações climáticas e poluições em espaços urbanos, derivadas principalmente das indústrias e dos transportes poluentes, tornando-se necessária a promoção de tratamentos dos efluentes e resíduos e o reforço de energias renováveis. Por outro lado, chamou a atenção para a desigual distribuição de fundos europeus da PAC, favorecendo não só os países europeus centrais como a grande propriedade do Alentejo e do Ribatejo em detrimento dos pequenos e médios agricultores do Norte e Centro do país e do Algarve. Certamente que, embora algumas questões sejam de âmbito nacional e a nível da União Europeia, o Bloco de Esquerda, nomeadamente a nível local, compromete-se, na medida das suas possibilidade e sua representação nos órgãos autárquicos, defender os interesses dos pequenos e médios agricultores e silvicultores, tendo consciência de que, contrariamente à CAP que defende os grandes interesses dos grandes proprietários, esta estratégia deverá ser articulada a nível nacional com a CNA. Mais, nos tempos atuais de relativo abandono das populações mais envelhecidas, terá de ser o Estado nomeadamente o Ministério da Agricultura, o ICNF e a Câmara a apoiar iniciativas de formação de Zonas de Intervenção Florestal, de modo a ser feita com apoio estatal a limpeza das matas e a reflorestação de espécies diversas autóctones, diminuindo os riscos de incêndios e apoiando os agricultores na formação de associações de silvicultores na gestão da floresta.